10/15/2012

O Amor Na Temperatura da Tela



Permitimos que o amor esfriasse, nos distanciamos uns dos outros sem mais nos reconhecermos. Vemos uns aos outros em centenas de milhões de telas, porém sem sentir o calor de um toque. O verbo pode exprimir sentimentos através da  tela , mas nunca devemos esquecer que também é preciso o toque de mãos, o abraço fraterno para sentir o calor humano, o sorriso franco e solto, os olhos nos olhos. Sem esta ligação cada vez ficamos mais fracos, enquanto o homem material se torna ilusoriamente mais forte.
De tanto dar as costas ao elo com o Divino, esquecemos com o tempo como reconhecer seus sinais, e na ambição de querer ser deuses nos tornamos apenas homens. Homens que perderam a ligação entre si e a Fonte Creadora, homens que criaram meios sofisticados para comunicar-se entre si, mas desligaram seu eu com o Eu Maior, com seus semelhantes de outras paragens.
O resultado de tais atitudes foi o afastamento, o isolamento entre o povo da Terra e o povo do Céu. E entre si, o distanciamento descomunal nas últimas décadas promovendo uma exclusão social disfarçada, quase oculta.
Ficamos isolados e neste isolamento perdidos, desligados da Fonte. Cortamos todo o contato com aqueles que nossos olhos carnais não podiam ver, mas que o nosso coração podia sentir. Mas o coração era apenas um órgão de bombear sangue para todo o corpo, a ciência proclamou esta como toda e única verdade. E esquecemos que é no coração que se faz a transmutação, que constrói o santuário, que abriga o amor, que faz o milagre.
 A Terra, os povos cresceram, mas estão cada vez mais sozinhos apesar de toda a tecnologia de comunicação. Sozinhos atrás das telas dos computadores, sozinhos em suas salas, sozinhos em suas praças, sozinhos em facções e grupos, solitários no isolamento moral e religioso. Pois não há homogenia em seus pensamentos e atitudes, pelo contrário há intolerância e exclusão mesmo entre seu meio, mas que pense, ou seja, diferente.
O diálogo nesta última década foi renegado ainda mais, ficando em segundo plano, dando lugar a força e a violência em escala descomunal nunca vista antes.
Em contra partida pequenos grupos buscam erguer a bandeira da paz e da luz, mas são abafados pelos gigantes do poder que se agigantam mais promovendo o mal pelos números crescentes na audiência.
Falar de guerra tem mais valia a estes que falar de paz. Mostrar o horror tem mais audiência que mostrar as benfeitorias realizadas por criaturas abnegadas que doam seu tempo em orfanatos, asilos e hospitais no voluntariado.
Enquanto os horrores dos chacais são mostrados vinte e quatro horas aos quatro cantos do planeta, pela globalização da rede, se alastra até nos sonhos através das fixações mentais verdadeiras batalhas de cunho dantesco alargando os sítios neutros onde o homem encontrava  momentos de paz, onde sentia suas raízes, e parava para ouvir a canção do cosmo e se revitalizar para seguir a jornada.
Podia ouvir muitas e muitas vozes, podia sentir-me conectada a uma comunhão de sentimentos, onde a condescendência convergia com os princípios divinos.
Mas chegou a hora em que o tempo mostra aceleradamente a passagem, a décima primeira hora anunciada em dias terrenos.
E neste torrencial de sons, sentimentos e imagens, vejo as desconstruções necessárias para evolução da alma e para o planeta que se regenera.
E vejo as dores dos dias dos tempos chegados, vejo o fogo consumindo os campos, a fome aniquilando corpos, os escombros, a degradação moral.
Mas também vejo uma Terra nova, vejo sementes a nascer, vejo campos em flor, vejo um novo sol, vejo uma nova vida.

Caminhantes