Madrugada de 15 de janeiro
de 06
Deito no sofá e bate um desespero e entro em oração. Entro em
estado alterado, sinto-me ir e vir. Vejo a sala as escuras e ao mesmo tempo o
penhasco onde por semanas tenho me visto sem poder subir. Vejo alguém jogar uma
corda, mas não a vejo embaixo para segurar-me nela e subir. E ultimamente este
“sonho” tem se repetido, estou só no fundo do penhasco alguém joga a corda, mas
eu não a vejo e não consigo pega-la. Só que desta vez não estou sozinha como
antes, Kamael está lá.
- A cegueira do corpo
físico é uma deficiência imposta pelas leis kármicas, já a cegueira espiritual
nada mais é que a recusa do Espírito em ver a verdade. Enquanto se ter
este comportamento, o homem ficará submerso em suas criações mentais, gerando ilusões para si e outros.
Enquanto ele olhar horizontalmente
enxergará somente as muralhas de Maya,
sem ver a corda estendida para o libertar, bastando olhar para cima. A corda foi jogada pelo
Mestre há dois mil anos, mas preferem passar o camelo pelo buraco que passar
vós mesmos e continuam cegos dentro do poço das ilusões.
- Olhe
para o alto vê a corda? - Perguntou ele.
- Sim,
agora vejo.
- Como
foi a sua vontade erguer a cabeça para ver a corda, assim também será a sua
vontade de fazer uso dela ou não. O Mestre deu o primeiro passo, mas o segundo
é do homem, e ele que escolhe usar a corda para se enforcar como fez Judas, ou
para pescar como fez Pedro alçando a rede. Em tudo há o lado mau e o lado bom.
Chegar ao fundo do poço faz o homem erguer a cabeça para ver a luz lá em cima e
buscar a saída, ou se enterrar mais, mas em ambos os casos a vontade é só dele.
- Vamos!
- Disse ele.
- Mas não
sou eu que devo escolher? - Perguntei.
- E
escolheu, por que achas que estou aqui?
Olhei para Kamael segurando a corda e olhei
a luz que vinha lá de cima.
- A luz
mais importante é esta que estou vendo. - Disse ele.
- Que luz
Kamael, eu não vejo nada?
- A luz do
seu coração, que reflete em seus olhos e toma a sua alma,
é a corda que vem de dentro.