9/21/2005

O POÇO E A CORDA







                                           Madrugada de 15 de janeiro de 06

            Deito no sofá e bate um desespero e entro em oração. Entro em estado alterado, sinto-me ir e vir. Vejo a sala as escuras e ao mesmo tempo o penhasco onde por semanas tenho me visto sem poder subir. Vejo alguém jogar uma corda, mas não a vejo embaixo para segurar-me nela e subir. E ultimamente este “sonho” tem se repetido, estou só no fundo do penhasco alguém joga a corda, mas eu não a vejo e não consigo pega-la. Só que desta vez não estou sozinha como antes, Kamael está lá.
    - A cegueira do corpo físico é uma deficiência imposta pelas leis kármicas, já a cegueira espiritual nada mais é que a recusa do Espírito em ver a verdade. Enquanto  se ter  este   comportamento,  o homem ficará submerso em suas criações  mentais, gerando ilusões para si e outros. Enquanto ele olhar  horizontalmente enxergará  somente as muralhas de Maya, sem ver a corda estendida para o libertar, bastando  olhar para cima. A corda foi jogada pelo Mestre há dois mil anos, mas preferem passar o camelo pelo buraco que passar vós mesmos e continuam cegos dentro do poço das ilusões.
- Olhe para o alto vê a corda? - Perguntou ele.
- Sim, agora vejo.
- Como foi a sua vontade erguer a cabeça para ver a corda, assim também será a sua vontade de fazer uso dela ou não. O Mestre deu o primeiro passo, mas o segundo é do homem, e ele que escolhe usar a corda para se enforcar como fez Judas, ou para pescar como fez Pedro alçando a rede. Em tudo há o lado mau e o lado bom. Chegar ao fundo do poço faz o homem erguer a cabeça para ver a luz lá em cima e buscar a saída, ou se enterrar mais, mas em ambos os casos a vontade é só dele.
- Vamos! - Disse ele.
- Mas não sou eu que devo escolher? - Perguntei.
- E escolheu, por que achas que estou aqui?
    Olhei para Kamael segurando a corda e olhei a luz que vinha lá de cima.
- A luz mais importante é esta que estou vendo. - Disse ele.
- Que luz Kamael, eu não vejo nada?
- A luz do seu coração, que reflete em seus olhos e toma a sua alma,
 é a corda que vem de dentro. 


Caminhantes