4/14/2010

Relato: Adoração a Lilith

 Relato uma experiência no qual as trevas dominam contatados na dimensão terrena.


Volto no mental buscando rastros, mas sabia que estes rastros poderiam estar também no presente ou no futuro. Porque a divisão de tempo só existe aqui na fisicalidade, se estava na Via Atemporal tinha consciência plena que era para rever os rastros.
O trabalho precisava prosseguir independente do eu estado físico e não adiantava ficar remoendo o que foi perdido.
Nada acontece por acaso, não existe coincidência, existe escolhas e só vemos quando fazemos certas ou erradas quando já foram feitas.
Olhei em volta procurando Shyeffer, será que ele saberia vir aqui? Olhava em volta enquanto andava, ele não poderia vir não agora por eu estar no estado mental.
Pela primeira vez noto que os portais e portas estão longe do meu campo de visão, caminho olhando, buscando o tempo certo. Mesmo estando em corpo mental sinto um pouco de volubilidade na minha constituição psíquica.
Caminho sem quase visibilidade, há uma tempestade formando uma nuvem de areia talvez exteriorizando a confusão que se passava em meu ser. Sinto-me perdida, sem saber aonde ir e o que buscar exatamente.
Parei em certo trecho onde as imagens eram confusas, borrões e movimentos não detectáveis. Que se passa? Sinto tocar em algo, mas não sinto que esteja em perigo. Giro em torno de mim, mesmo sem formato humano na minha formação mental, posso sentir meus pés girar, e a areia bater no meu rosto como a chicotear. Entendi o que se passa, estou em outro tempo, mas no meu próprio corpo astral.

- Que surpresa Linyth.
Voltei-me assustada não me lembrava daquele encontro.
- você?!
- Não veio me ver? Porque o susto se está em meus sítios? 
- Lógico que não vim vê-lo, como é prepotente. - Ele aproximou-se erguendo a mão levando-a até o meu frontal com os dedos indicador e médio. Afastei-me. – Não ouse me tocar! – Senti meu chakra cardíaco disparar causando momentaneamente uma volubilidade. Percebia claramente em corpo mental a vulnerabilidade do corpo astral no qual revia.
- Você é mais bonita aqui no dimensional que no físico. – Ele riu abaixando a mão.
- E você é mais bonito no físico que aqui, lá você se esconde na cara de anjinho, aqui você não tem como esconder sua cara. – Senti meu chakra do Plexo Solar girar desordenadamente.
- Precisa fazer um curso comigo Linyth não vibrar mais no emocional e aprender vibrar no mental.
- Espere sentado. – Afastei-me mais dele, mas sentia fraqueza como tivesse levado um soco a boca do estômago.
Sentia incomodada como tivesse milhões de olhos invisíveis ali a me olhar, sentia uma força oculta. Sai do corpo astral e parei levitando no corpo mental diante de mim mesma, fosse o que fosse aquilo pertencia ao passado e não ao meu presente.
Vejo pender do corpo daquele que conversava comigo uma serpente, como uma cauda ligada a base da coluna, ao Chakra Raiz.

Uma voz falava se conectava ao meu mental para que olhasse mais perto daquele que me dirigia a palavra. Aproximei-me e vi uma bola alaranjada pairando. Recuei tal qual uma dormideira se fecha ao ser tocada. Foi quando Kamael apareceu pedindo que devia equilibrar-me.
- Como pede isso veja ele enquanto me distraia em corpo astral, seu mental me bombardeava, veja meu corpo astral!
- Sim, e você não percebeu na ocasião. – A conversa que se passara há anos atrás com aquela criatura se desenrolava diante de meus olhos. E eu ali agora em corpo mental, ou seja, desdobramento de mim mesma na dobra do tempo da Via Atemporal revia a cena. Mas não como cega, não como antes.
- Cansada Linyth? Veja não me canso, estou cada vez melhor não acha? Não acontece o mesmo com você não é? Porque não junta-se a nós e tenha tudo que desejar, podemos ter o prazer do mundo. Pode ser amado como eu, desejado como eu, o poder como eu tenho.
- Para, você sabe que não vai me convencer, por que esse papo comigo?
Ele buscou minha retaguarda, voltei-me. Observava tudo agora na companhia de Kamael.
- Repare Linyth – disse Kamael – o chão, junto ao seu corpo astral.
Olhei do corpo astral daquela criatura sair pontos negros e caírem como sementes no chão originando filetes que deslizavam pelo chão tomando meus pés, subindo pelas minhas pernas e tomando meu Chakra Básico.
- Como ele fez isso?
- Olhe! - E vejo uma bela mulher se aproximar, bela mais aterrorizante seu olhar e a serpente de fogo que pendia da sua coluna adentrando na terra. – Neste ponto você não estava mais consciente.
- Como se não lembro nada disso.
Volto a inteirar-me do desenrolar dos acontecimentos que ali se deu.
- Você deixará a porta aberta ao sair, se não quer juntar-se a nós não irá nos atrapalhar, veja. - Vi espelhos e rostos, eram pessoas que eu amava. – Vá!
Vejo-me sair em direção ao morro, uma das passagens para o abismo, a Loja Negra. Olhei para trás e vi Lilith sibilando de um lado para outro ligado a aquele que seria o grande mal do mundo. Ali formava uma das cabeças do grande dragão, a carência a solidão dos perdidos encontrava nele a salvação, uma motivação para viver.
Vejo-me adentrar na fenda daquele morro que leva a outras cavernas abissais, passo por corredores imensos, vejo os Sem Nomes. Sem Nomes vivos, percebo pelo cordão de prata, e Sem Nomes desencarnados. Sem Nomes de longe de outras estrelas e Intraterrenos. Todos vão e vem de um lado para o outro, sem domínio da vontade, na verdade como mortos vivos, secos e gélidos vampirizados. Todos como eu estava com os filetes enegrecidos em seus corpos a dominar a vontade, a consciência.
Queria chorar, mas não tinha como chorar.
Já na montanha agora inteira em mim, olho o horizonte que já rompia a madrugada.
- Como sai de lá? Como foram rompidos esses cordões malignos que me deixou como vegetal?
- A Divina Mãe a libertou, não lembra?
- Sabe que não Kamael. – Abaixei a cabeça.
- A Lilith a meu Deus!!! – Exclamei – Adoração ao principio feminino para tomar lugar da Mãe Divina, é isso?
- E dar lugar a mãe promíscua, libertina, que do seu seio brota a selva do prazer e as riquezas dos deuses. A energia feminina o alimenta e a ela fortalecendo os números de adoradores no prazer imediato do ato.
Deixai vir a mim as criancinhas! Ele se fará pai e tomará mães tomando o a imaginação das crianças e projetando para si o Salvador!
- Não sei o que fazer.
- Caminhe apenas, e descreva o caminho. Você está livre, fechou o portal, dependerá de vós abrir a porta, mas o comando é seu. Busque se encontrar, que outros se reencontrem, como disse o Mestre, não adianta o homem ganhar o mundo inteiro se destrói a si mesmo. Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.
Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?” Lucas cap 9 ver 23,25

Sabia o que Kamael queria dizer, pude ter sido subjugada, mas não me vendi em nenhum momento em sã consciência, me rendi a ele.
Sabia que tinha muitas coisas do passado a rever, do presente para entender e do futuro para me preparar, mas precisava rever como a Mãe Divina me resgatou de lá.

Caminhantes