4/16/2010

A Câmara de Lilith Na Loja Negra

A Câmara de Lilith Na Loja Negra


O fogo é um elemento neutro, a transmutação dele para o mal ou para o bem se dá ao comando moral do alquimista.
Estávamos eu e Urih um diante do outro sentados sobre uma pedra a margem de uma cachoeira. Nossos pés tocavam a água colorida pelos raios de sol que transpassavam o copado das arvores.
- Ainda há muitas lacunas não é? – Perguntou ele.
- Sim há, mas pelo que aprendi que o tempo tem sua hora certa para tudo e muito tempo já foi perdido com o nosso afastamento.
- Mas qual a finalidade desse trabalho?
- Esclarecer Urih, não conduzindo, não fascinando, não anulando o crescimento pessoal de cada um.
Estava na hora de irmos, e aquela calmaria daquele momento teríamos que levar em nossos corações e mentes. Dei a mão a Urih, e paramos diante da porta que tinha plasmado em seu portal a estrela de nove pontas.
- Vamos? – Perguntei a ele
- Vamos sim.
Tínhamos que sermos um para voltar naquele lugar e sustentar um ao outro, iríamos transpassar os portais novamente daquele local que a Loja Negra.
E preciso falar mais, esclarecer sobre o que é de fato a Loja Negra, pois aquele que conhecer não poderá na hora x alegar que não sabia.
Os Sem Nomes passavam de um lado a outro pelos corredores que é uma imensa via de duas mãos.
Essa via passam seres de vários planos no quais uns conscientes e outros não, e de certa forma conforme nossos pensamentos somos atraídos para ela. Dependendo do nosso estado emocional somos compelidos para dimensões que tenham a mesma freqüência vibratória. A freqüência da Loja Negra é a sombra da Loja Branca, reflete a nossa própria dualidade no sentido figurado.
Se o mal agiu em nós é porque estávamos na mesma freqüência dele. E que não sente raiva, inveja, ódio, sexo impudico, cobiça, indiferença, arrogância e prepotência ou rancor e medo. Esses sentimentos estão impregnados nesta via e câmeras, são estes sentimentos que alimenta este lugar e este lugar alimenta estes sentimentos, é uma troca constante, um círculo viciante.
Há muito tempo a Loja Negra tinha formado seus magos negros, seus servos mestres a servir aquela que reinava no lugar, a Lilith.
Passar por aqueles corredores olhando aquela estrela de nove bicos não me deixava nada a vontade. Ela significava o aprisionamento da mente humana, e seu símbolo poderia está infiltrado em diversas ordens na Terra de maneira tão sutil que não seria facilmente detectada, como em traços, pedaços.
Conhecer a nós mesmos não é ruim mesmo que venhamos a nos deparar com uma ou muitas personalidades complexas, muitas, porque tivemos muitas vidas e se estamos aqui na Terra é porque ainda há gravado em nós imperfeições que precisam ser erradicadas. Compreender que essa oportunidade de “conserto” é uma dádiva e não punição e que devemos encarar sem mascarar esses desvios de personalidade. É como ter a essência de nós mesmos em um cálice no qual podemos trilhar ao longo da passagem o sal alquímico que deixamos em passagens anteriores. Cada um dentro do seu grau de aperfeiçoamento, cada um segundo ao seu entendimento. Retornar pelo Rastro de Sal é rever a medida que colocamos em cada etapa de nossas vidas, a medida que adicionamos a situações e nossas existências pregressas.
Vejamos o que o Cristo nos passou por Jesus: "Vós sois a Luz do mundo" (Mt 5: 14), mas antes Ele disse "Vós sois o sal da terra".(Mt 5:13). Para sermos alegoricamente a “luz do mundo” é preciso sermos o sal da terra, precisamos estar presentes, precisamos somar, precisamos ser adicionados, precisamos dar sabor, fazer a diferença na medida certa. Retornar pelo Rastro de Sal, é como retornar em um ‘corpo a corpo” com aqueles que não tem o sabor, que não entenderam a medida. Buscando não perder esse sabor, adentrar nas trevas como luz ser referencia pelos que ali estão, mas sem envilecer os passantes, não há como ser luz sem promover a alquimia em nós mesmos.
O sal do labor é o suor do nosso trabalho lapidando nosso Ego.
Se caímos nas armadilhas da Loja Negra é porque temos em seu chão fragmentos de sal insípido que ali deixamos e devemos resgatar. Infelizmente muitos ficam presos nesta busca, nas garras dos mestres e magos negros sob o julgo do Dragão.
- Você está bem?
- Sim estou, mas um pouco tensa por retornar aqui.
- Mas estamos no mental, não há perigo desde que mantemos elevado o nosso padrão vibratório. – Queria sorrir para ele, mas lembrei que nossos corpos astrais tinham ficado no ¹Centro de Lis. Mesmo assim sentia ainda que tinha ele junto a mim, talvez pela densidade fluídica do local, mas seguia em corpo mental junto com parte de mim.
Será que estamos preparados para o contato com essa vibração animalesca? Será que conseguiríamos vencer nossos próprios instintos e defeitos morais? Porque encontraríamos em cada palmo daquele chão fragmentos de nossos eu´s e de outros, de nossos algozes ou das nossas vítimas. O ser humano gosta da proteção da carne, do invólucro humano, pois oculta o real seja santo ou profano que está nele. Por isso esses que passam aqui ficam sem face, e sem nome, uma cegueira, um esquecimento para não doer, a verdade de nós mesmos dói, mas se a encararmos de frente ela liberta. Mas fugimos da verdade, nos fechamos a ele e saímos em busca de ilusões e preferimos ser escravos delas caminhar a esmo, como os que são chamados de Sem Nomes. Os cativos, cativos do Ego que os aprisionam na ilusão de ser algo que estão longe de ser, não sabem que estão ali servindo de repasto dentro da cadeia alimentar a servir os senhores, os vampiros.
Se aprendessem a dominar o desejo com o chicote da vontade, a mente seguiria reta sem sucumbir a paixões carnais sem amor. Um corpo bonito não despertaria confusão, não conspurcaria o sagrado como a humanidade vem fazendo há séculos e séculos. A paixão ferve no corpo e derrama no charco, um cavalo, uma potranca sem cabresto, um vulcão em erupção, uma ameaça ao caos.
E querem resgatar o culto a Energia Negra, exaltar o profano como libertação e igualdade renegando a Rosa Ígnea que sustentou o homem deus por milênios.
Levantam-se as doze cabeças do Dragão, conspurcando santuários, igrejas de mentes fracas que permitem se dominarem, iludirem, se conduzirem.
E cai junto as igrejas de pedra, e seus Pontífice e o Dragão continua a consolidar seu projeto, derrube o Cristo, se toma como o “Salvador” e expulsa a Mãe do Santuário de Ouro e elege a desvirtuada, a maculada como Deusa.
Sim esta via tem muitas cabeças onde trafega pelos longos corredores os dragões, e espreitam nos imprudentes que passam ser seus escravos. Escravos dos vícios, toda fraquezahumana é para eles a força para implantar na Terra entre os homens seu ninho de víboras! O veneno da serpente tanto mata como é o antídoto, mas só cura quando o recipiente é bem preparado e tem em seu controle mentes sábias que sabe destilar sua pureza alquímica.
Não consigo parar os dedos, sinto a indignação em que meus olhos vêem, mas ultimamente o que tenho ouvido sempre é: Em todas as circunstâncias busque a serenidade nas emoções e reto seguir da mente. Serenos diante de todos os males, serenos diante de toda euforia, serenos diante dos espasmos do corpo, serenos sempre! O que vem de fora jamais deve abalar nosso interior, nossa serenidade. Sei quanto é difícil porque a todo segundo nos tocaia nas esquinas de nossas casas ou ruas os chicotes, a maçã ofertada para ser saboreada para o prazer da carne. Não que o prazer da carne seja pecado, longe disso. Pela carne, pela Energia do Amor podemos alçar as paragens celestiais e sentir e ouvir no ato os acordes divinais. Vem a mente o reino animal, onde se mata o outro animal para se alimentar, e não pelo prazer simplesmente de matar. A comparação pode ser estranha, mas comparo ao sexo com amor e o sexo por desejo e paixão por si só.
Pela Rosa se chega a Cruz!
Paramos enfrente a vasta câmara onde os adoradores de Lilith se encontravam, onde os nossos próprios desejam se alimentavam quando o Grande Sentinela do nosso Eu não guardava a porta dos nossos pensamentos. Quantas vezes nós mesmos em sã consciência expulsamos o Guardião da nossa mente em seus sentidos primários? Quantas vezes ele dizia pare, não prossiga, pois é promiscuidade! Mesmo assim olvidamos, o vendamos, expulsamos ele para não mais nos alertar. Porque aquela noite queríamos ser epicenos, naquele momento queríamos dar vazão aos nossos instintos mais bizarros. Porque a maçã estava sendo ofertada, tão apetitosa, tão suculenta. Como hoje a maça e amanhã volto a abstinência, derramo o liquido e entrego o meu corpo em espasmos para galgar por segundos o céu anuviado! Depois vou punir-me, ou orar, ou pedir perdão pelo meu “pecado”. Melhor seria para o Governo Oculto do Mundo, retirar de vez o Sentinela da mente e seus desejos primários e endeusar ela, a aquela que tem a força para dominar a serpente invertida!
Paramos diante da porta, já sentíamos vir os eflúvios lilíticos!
Se estivesse no corpo astral sentiria meu Chacra Cardíaco acelerar respondendo ao meu medo que ainda não dominei, tirando-me a serenidade. Mas como eu podia não temer, que eu não caísse? Que parte da minha parte não se rendesse aos apelos sexuais, as ofertas do ventre a dançar provocante? Será que ele não se renderia como o Herodes rendeu-se a Salomé trazendo a cabeça de João Batista? Quantas Herodias encarnada ou desencarnada poderia pedir a cabeça de quem estivesse no seu caminho, atrapalhando seus planos, promovendo a queda do corpo? O corpo que ainda não se formou, o corpo que quer crescer e expandir, o Corpo Crístico! Quando a verdade incomoda as trevas esta não mede esforços para derrubar quem a proclama. Assim foi com João Batista, que falava do Mestre, do amor e desprendimento. Mas os lobos tomam a pele de cordeiro e constrói o próprio aprisco para seu banquete nos dias escassos. Atrai para sua mesa farta os cães e as criancinhas para que tomem as migalhas que da mesa caem, oh! São caridosos! Enquanto dão o pão em troca devolvem ilusões!
Enquanto isso morte aos ensinamentos do Mestre, enquanto isso morte a Divindade da Mãe.
Quem sabe o mesmo ventre dos e das Salomés envoltos pela energia primária que é manipulada por Lilith continue mais e mais multiplicado, se agitem ao ritmo frenético das danças infames onde não se busca os anjos como fazia o ²Rei Davi. Longe de buscar os anjos nestes tempos de escuridão, e sim erguer para o bote a serpente caída! Os demônios que querem aninhar-se em nossas mentes e dos que nos são caros.
Como não perceber esse culto a Lilith? E seus incautos adoradores que passam por mim diariamente nos ônibus, nas praças, que estão nos shoppings, nas baladas, na nossa rua, dentro de nossa casa, entre familiares e amigos, dentro de nós mesmos que muitas vezes expulsamos o Guardião da porta da mente e deixamos ela entrar.
Mas a mulher sempre foi a vilã da história, a mulher sempre foi amolgada rebaixada pelas religiões alegam alguns, e assim exaltando a Lilith como a libertadora, a “deusa” da elevação feminina. Quantos ensinamentos pérfidos! Estes fazem iguais a alguns evangélicos, tirando de Maria a sua Divindade.
Ah como não perceber o caminho? Como estamos cegos para os sinais, sinais puros que são deixados ao longo da caminhada para quem tem olhos de ver. Mas buscamos longe em matagais e furnas ou que está na nossa frente e não conseguimos ver. Nem damos conta da nossa própria armadura, nosso escudo e espada deixados sobre a pedra São Thomé da descrença. E se corre atrás de semi deuses, de ídolos de carne e luz fictícia como se fosse o caminho do ouro, a terra prometida.
Ou quem sabe a embriaguez que adormece o juízo me faça cair ou a ele. Que importa como ela venha mascarada, que eu nem perceba sua manipulação e artifícios que ela nos faça sucumbir, e abro brecha ao medo.
Adentramos por fim! E foi um choque o primeiro impacto sobre nós mesmos, porque ali naquela câmara estava com certeza muitos fragmentos dos nossos deslizes e escândalos. Sentimos crescer neles e vimos-nos em meio a fornicações, a direcionar atos insanos, campos de guerras, holocaustos, traições. E vimos faces e mais faces, tempo após tempo, o passado sangrento e um futuro incerto. Como esquecer essas impressões de nossos defeitos morais quando nos deparamos com ele assim frente a frente? Talvez fosso mais fácil renegar a vida e o peso da culpa como fez Judas. Não, nunca! Mas há diversas formas de morrer estando vivo, e Lilith sabia fazer de suas presas zumbis vivos para seu repasto os enforcando em suas culpas e falta de esperança. Enlaçar aqueles que buscando se perdem na ilusão de um propósito auspicioso e fazer que esses rebaixem o Cristo, derrubando sua cruz e exaltando Barrabás!
Presente! Precisamos no ater ao presente onde ainda está sendo feita a colheita, não podíamos nos entregar mais a divagações, estávamos ali para relatar e era o que iríamos fazer.
Mas não podia passar em branco essas impressões, e a cada passo que dávamos para o interior da câmara era como ser como os algozes de Cristo o flagelando a caminho da cruz, negando o seu ato de amor por nós.
O som estimulante ritmando as batidas cardíacas, fazia eco no vastíssimo recinto, devia causar excitação extremas aos sentidos. Eles maculavam o centro alquímico sagrado onde a Mãe Divina purificava o ouro até ele reluzir como o sol.
Eu não conseguia parar de pensar,não conseguia...

2- Rei Davi - II Samuel 6:14 E Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido dum éfode de linho.

 SAINDO DA CÂMARA DE LILITH

Olhamos em torno e vimos criaturas em estado degradante moralmente, tanto encarnados, pendia destes o cordão de prata quanto desencarnados. E podia ver ali a representação de Sodoma e Gomorra.
- Vamos prosseguir.
- Vamos. – Respondi também mentalmente.
No meio daquele lugar havia uma imensa furna, um colossal centro de energia, confesso não ter notado antes, e isso se deve ao fato que estava cega. Miasmas subiam e espalhava pelo local e passava por uma pequena fenda de... – Chamei a atenção de Urih para olhar.
- Veja Urih ali há um portal, a porta parece que está rachada.
- Sim, está mesmo. Não há mais contensão entre os dois lados. Olhe ali, são fios que pende dele para...
- ... Torres, consigo ver torres de energia elétrica. 
Continuávamos o macabro passeio sem saber daquele nosso retorno ainda. E voltava a nossa mente Sodoma e Gomorra. A cada ato sexual que presenciávamos ali e nas imensas telas plasmadas nas paredes, aqueles que não tinham mais as sensações físicas gozavam conjuntamente com aqueles que estavam a fazer sexo apenas pelo prazer da carne. Fios negros ultrapassavam aqueles umbrais indo aos aposentos onde ocorriam atos lúbricos. Magia sexual usando a Energia de Lilith, o seu magnetismo ocorria em ambos os lados simultaneamente. Ondulações, verdadeiras serpentinas nefasta envolvia quem estivesse ali ou do outro lado pactuando com aquela que buscava erguer na terra seu reinado.

- Salve Linyth e Urih! – Era Kamael. – Era esse o trabalho que tinham aqui no reinado de Lilith, relatar o mal que ela está fazendo. É hora de seguir e caminhar sem olhar mais para trás. Ficar preso ao passado, ou a culpas anula o seguimento das próprias vidas. Aquele que se prender ao passado relembrando as próprias quedas não está fazendo diferente da mulher de ³Ló. Não avançando, se tornando presa do tempo e das trevas. 
É preciso fechar-se a essa Energia Nefasta imediatamente.
- Mas como nos fechar a ela se está claro que está aberto o portal e ela adentra de todas as formas.
- Oração Lin! O controle da mente através da oração e música ative o Chacra Kether. Quando fores para a câmara sagrada que o ato seja com amor, só através dele o ouro alquímico puro será alcançado e não o que prega a Lilith. Ela deseja sujar o que deve ser puro, uma vez imundo não haverá mais alquimia servindo a seu propósito.
- Mas pouco podemos fazer Kamael.
- Com um pouco de sal Urih se dar sabor ao alimento, que o pouco seja útil e não deitado fora.
- Compreendo.
- Agora vão e escrevam, ergam o cálice do graal e elevem vossas consciências inefáveis!
Transpassamos juntos os umbrais daquela câmara e tínhamos a certeza no coração de dever cumprido, com certeza não iríamos olhar mais para trás. Não ali, ali não mais, tinha ainda trilhas a rever, mas ali naquela câmara de prazer mundano, não mais.

Caminhantes